NOS CORREDORES DO VIGILANTE

Paula Pereira, Coordenação Serviço Social

NOS CORREDORES DO VIGILANTE

- Bonjour! Comment ça va? Et le bebé, il va bien?

- Hi! How are you? How is everything?

Estes são os diálogos que se vão ouvindo nos nossos corredores. Nos gabinetes de Apoio Social e Psicológico do Centro de Apoio à Vida, recorre-se a tradutores da casa que dominem as línguas de conversação ou ao Google Tradutor, revelando que as barreiras linguísticas não impedem a ajuda e apoio efetivo a tantas mães, provenientes de tantos locais do mundo…

Guiné Bissau, Guiné Conacri, Serra Leoa, Nepal, Índia, Cabo Verde, Angola, Brasil ou Palestina são alguns países de proveniência das mães que acompanhamos. Muitas vieram em busca de algo melhor, outras em fuga de algo bem pior… são imigrantes ou refugiadas que se juntam a todas as mães portuguesas que apoiamos regulamente com bens alimentares, produtos de higiene, roupa e artigos de puericultura, orientação e acompanhamento, formação, um sorriso, um abraço, uma mão amiga, dois ouvidos.

As lutas destas mulheres são enormes, numa fase da vida em que se deveria ter tempo e disponibilidade (mental e financeira) para se cuidar de um bebé recém-nascido ao mesmo tempo que se é amparada. Em vez disso, há escassez de recursos, uma rede social muito débil, uma grande solidão, acrescidos das dificuldades em encontrar uma resposta de creche para depois se poder encontrar emprego ou poder frequentar uma escola para aprender o português ou até a ler e a escrever. No meio de tudo isto, deparam-se com condições de habitação precárias, condições de saúde débeis devido, frequentemente, a traumas vividos e uma saúde não cuidada.

Do lado de cá, o sentimento é muitas vezes de impotência. Não temos resposta no sistema, não conseguimos resolver todas as problemáticas que trazem. Cada mãe é um mundo, com características muito próprias e necessidades a serem supridas. Frequentemente, o bebé já não é o primeiro filho, o que acarreta um conjunto de responsabilidades acrescidas.

Resta-nos a convicção de que, pouco a pouco, uma a uma, situação a situação, é possível fazer a diferença e contribuir de forma positiva para a vida destas mamãs e de seus bebés. Em cada resposta, levamos esperança e vida. Renovamos a confiança na resolução e num futuro melhor.

Quem quiser, pode colaborar connosco apoiando com artigos novos ou em segunda mão, artigos de higiene ou alimentos ou divulgando estas mesmas necessidades para que outros possam ajudar. Toda a ajuda é bem-vinda!